quarta-feira, 13 de março de 2019

As brumas de Minas




O vento levanta mansamente as roupas no varal
Os canarinhos da terra salpicam de amarelo as laranjeiras
E no verde esmeraldino das lâminas do capinzal
Há uma nuvem multicor de borboletas ligeiras.
Ouvem-se ao longe marteladas e assovios trazidos pelo vento
A manhã vai alta, sol a pino, já pela hora do almoço
Em nossa cidadezinha modesta, minha modesta vida em andamento
Parecia jamais alterar-se ou sofrer qualquer alvoroço.
Um estouro súbito fez-me tirar os olhos dos meus doces de mel
Pensei num trovão...mas o sol de estio, altivo, ainda me espiava
Vizinhos gritavam, não compreendia as palavras ditas em tropel
Sequei as mãos ao avental à frente do fogão 
que brilhando como o sol sempre eu deixava.
Fui ao jardinzinho da frente, em minha varanda cor de açafrão
Mas nem um passo dei fora de minha casinha airosa
E algo violento e bruto, escuro e sujo me jogou ao chão
Arremessada eu fui contra paredes, móveis e tudo o que me circundava
Como um enorme liquidificador, aquela onda cruel me triturava.
Dói-me contar-lhes...ainda muito me dói. A alma triste, seca, revoltada...
Vejo bombeiros, voluntários, gente simples, pessoas caridosas
Afundando-se na lama para retirar pedaços
Pedaços do que foram pais, mães, filhos de famílias desditosas.
Passam bois, cabras, cães e gatos num redemoinho barrento
Pobrezinhos, de esgazeados olhos aflitos, a procurar alento.
Já eu, nada mais sinto em meu corpo que lá embaixo permanece.
Uma relativa paz vem envolver-me enquanto a revolta se esmorece
Quando um rosto muito claro, branco e rosa, de olhos líquidos de amor a fitar-me
Junto ao meu diz palavras de encorajamento...e tudo então se escurece.
Adeus, Minas...! Adeus, montanhas...! Vou-me para longe, mas rezarei por ti
Para que daqui a mil anos possa a natureza fazer-te esquecer tua desventura.
Lembrem-se de mim, anônima, em suas orações e pensamentos
E que este assassinato e todos os outros sejam cobrados à altura.

۩Bíndi۩ஜ




Música: Travessia - Milton Nascimento
Imagem: Pinterest.com

sábado, 23 de junho de 2018

O dom de agradecer




Em minha impaciência derramei todo o café do bule, estilhacei a xícara, empapei a roupa recém vestida. 
- Calma, Khaled - tentei apaziguar a mente tagarela que fez minhas mãos tremerem e meus pés tropeçarem.
Como vive ela ocupada de pré-ocupações...! Quantas lembranças e projeções de problemas...quantas quinquilharias...tanta pressa e falta de atenção dedicada ao que faço...
E como me esqueço de lembrar o quanto tenho a agradecer...!
O eterno presente, o tempo que tenho, a bênção de Deus...tanto recebo, todos os dias, a cada segundo da vida...
Penso no piso onde ando, brilhante, plano, polido: houve tempo em que andávamos sobre tocos de pedras, argila, terra bruta e áspera, até que o empenho, trabalho e sacrifício de alguém trouxe até nós este conforto e hoje nossos pés deslizam como nas nuvens. Olho as paredes que me cercam, e penso no suor com que foram erguidas. Quantos pensamentos sofridos, dores e tormentos guarda cada tijolo...quantos estudos, quantas tentativas e erros, pela história afora, para chegar-se ao modelo confortável de nossas casas atuais; e pensar que paguei apenas com dinheiro por tantos esforços.
 Vejo a árvore lá fora que, mesmo podada em múltiplas mutilações ignorantes, estende os galhos florescidos com paciência infinita e sem revolta.
Abro a torneira e a água escorre calma e serena, sem qualquer questionamento sobre o que será feito com ela, sem nenhuma condenação pelas tantas vezes que a desperdicei.
Preciso aprender a  tratar tudo com mais amorosidade. Cada gesto, cada movimento, deveria ser feito com carinho...até mesmo ao rasgar um papel deveríamos ser amorosos,  ensinando a cada célula, a cada átomo, o que é o amor. Pois um dia, cada pedacinho daquele papel rasgado será outra coisa...e outra...e mais outra...Nenhuma existência é em vão, e em cada uma as marcas são impressas no ser que a vivenciou. 
Meu exemplo, mesmo sem eu o saber, pode correr o mundo. Olhos me vêem, ouvidos me ouvem. Sou responsável pelo que de mim sai, em palavras e atos, e tão poucas vezes os vigio.
Lembro de muito reclamar ter de lavar a louça após um farto almoço; mas nunca havia pensado no esforço silencioso das panelas, entregando-se por horas ao fogo para nos preparar a comida...os pratos e copos que desajeitadamente atiro à pia, entre lamentos enfastiados, pacientes me deram de beber e comer. O alimento, antes vivo à luz do sol, sacrificou sua vida pela minha...é o quanto basta para que eu ao menos não o desperdice ou desdenhe.  

Eu te agradeço, Universo. Ensina-me a usar teus recursos com sabedoria...e um dia,  te agradecerei criando universos tão belos como tu.

⧪Bíndi⧪

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Mulher em campos de lavanda




As pedras sonham ser plantas
As plantas sonham ser animais
Os animais sonham ser humanos
Humanos sonham chegar a anjos...
Tudo sonha
E do sonho brota a vida
Somos talvez frutos de um sonho de Deus
E ela, a mulher da lavanda, silenciosamente semeia
e passa incógnita pelo carrossel da vida
humildemente servindo onde Deus a colocou a servir...
Quantas vidas impactantes, de ídolos cultuados e feéricos
não são ocas de sentido e contribuição ao bem,
enquanto em sua revolução silenciosa
passam no planeta as vidas comuns
trazendo a paz e o exemplo onde estiverem.
Nada para elas é pequenez...colocam-se inteiras
em toda a mais simples e cotidiana ação que executam.
No imenso campo de lavanda as flores pequeninas ondeiam,
cada uma diferente da outra, e entregam seu perfume
no duro macerar a que as submete o artesão.
Sem alarde, as almas do bem deixam-se abrandar pelas experiências,
cooperando, melhorando-se, silenciosamente agindo,
transformando-se em perfume do céu, porque...
a gente precisa aprender a florescer onde Deus nos plantou.

Bíndi



Música: Joshua Bell - Ladies in Lavender
Imagem: internet

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Companheiros







Khaled pensava e pensava...quantos amigos perdidos, esquecidos na poeira dos tempos...Tanta gente que palmilhou os caminhos de sua vida, e agora seguem rumos paralelos, longínquos, amigos queridos cujas fotos amareleceram numa caixa que por fim foi jogada ao lixo; colegas de trabalho que lhe alcançaram a mão em tempos difíceis e que agora nem mesmo um telefonema natalino dele recebem...

Sentia-se culpado por não conseguir continuar contactando a todos, nem ao menos mantê-los carinhosamente presentes em sua memória, de onde iam-se escapando aos poucos, nomes, rostos, enfim...somente em alguns momentos um som, uma palavra ou uma imagem traziam à tona a recordação de uma voz ou de um rosto submerso no lago do passado.
E havia também aqueles falsos amigos pedinchões, que só o procuravam quando em dificuldades e o esqueciam nas bem aventuranças, e que o faziam sentir-se apenas um velho bote salva-vidas...quanta assimetria, quanta falta de maestria, que aparente falta de generosidade de sua parte, em ambos os casos...
E então seu Mestre Interior falou-lhe um dia, em sonhos: Khaled, o fluxo da vida tem marés altas e baixas, e cada uma traz e leva de volta para o mar. Lembra-te que os amigos que estiveram ao teu lado eram teus parceiros numa determinada etapa da vida, que seguiu seu rumo para todos. Mudaram as estradas, cada um precisou partir para um aprendizado diferente. Prender-te a eles significaria fechar teu coração aos novos que viriam, trazendo-te novas lições, novos percursos, guiando-te a outras estradas, e impedindo a eles de fazer o mesmo. Não te esqueças também de que de quando em vez terás de acolher como companheira a solidão...
Da mesma forma, os infelizes que te procuram apenas para pedir, são aqueles que te dão a oportunidade de retribuir à vida todo o bem que antigos amigos te fizeram, para que tua mão esquerda dê o que tua mão direita recebeu. Assim é o fluxo na maré da vida...moeda corrente de fraternidade, passando de mão em mão, sem olhar a quem, consanguíneos ou desconhecidos. Não te apegues a um ou outro apenas, pois a família humana é tão grande...! Muitos passarão por tua vida e seguirão adiante, deixando rastros apenas na lembrança, mas alguns criarão laços afins que os unirão em todas as vidas, na eternidade das almas. Porém a cada um dê o melhor de ti, mesmo que os encontre apenas por um minuto, pois não se mede o tempo do coração nem o valor da bondade; aquele a quem doaste apenas o teu sorriso pode ser o que te agradeça em preces por fazer daquele um dia melhor.

Bíndi


Imagem: internet

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Sombras






Sombras 

Bíndi



Toda a sua vida havia sido marcada pela sede: de conhecimento, de respostas, de conhecer-se para apreender o mundo complexo de fora, mas sobretudo por um profundo anelo por ser melhor do que era.



Ao seu redor ele via a saciedade dos sentidos, da inteligência, via partidas e retornos, percebia os trens chegando, para os outros, lotados de conhecidos que traziam abraços e fotos de lugares distantes; mas trem algum chegou para ele. Via-se pequeno e ordinário aguardando na estação pelo vagão que traria finalmente a experiência suprema, a aurora mística, a angelitude em vida...



A mochila nas costas, por mais leve que quisesse levar, pesava sempre. Era uma longa jornada tentando desfazer-se de falhas e defeitos, arredondando-se a cada baque da vida, como um seixo que rola agitado por um rio frenético e ao bater no fundo e nas margens perde algumas partículas por vez. Mas era tão pouco para quem almejava tanto...Desejava um futuro não muito distante distribuindo uma luz sem lacunas de sombra, uma bondade sem mácula, uma fraternidade sem cobranças.



Mas entre todas as falhas que ainda tinha por burilar, uma lhe era a mais dolorida: a falta de uma profunda empatia pelo semelhante, essa privação de sentir vontade de chorar quando outro chora, de rir ao perceber o riso, de cantar junto com quem canta – o pior dos defeitos, a suprema carência, em sua forma de ver, e que por mais que se esforçasse não lograva sentir. Queria a perfeição agora, como a criança que sabe do presente escondido há meses no armário não quer esperar pelo natal. Sentia-se pequeno demais enquanto não fosse extremamente grande, sujo demais enquanto não estivesse imaculadamente limpo. Existir como um simples ser humano cheio de falhas doía-lhe.



Foi numa de suas andanças entre as ruelas da parte marginalizada da cidade, tentando sentir a compaixão pungente que sempre buscara, que viu a moça baleada sobre uma poça de sangue. Ao seu lado, pessoas chorosas e desesperadas, e um rapaz que inclinado sobre ela tentava desesperadamente lhe prestar os primeiros socorros e impedir que a vida escoasse com cada uma das gotas que avermelhavam o chão batido. “Preciso de ajuda”, ele falou olhando ao redor em desespero; “Ela tem uma artéria rompida, necessito que alguém faça compressas sobre a hemorragia enquanto eu a reanimo ou ela morrerá...” Com um esgar de horror, as compungidas pessoas que o circundavam instintivamente se afastaram...Não conseguiam cogitar em tocar aquelas carnes dilaceradas e pulsantes, entreolhando-se chocados.



Mas ele agachou-se, pegou a toalha que o socorrista apontava e pressionou o local sanguinolento sem problemas. Assim, ao lado dela, percorreu o caminho todo até o hospital. Quando a maca desapareceu no longo corredor batido pelas cruas luzes brancas, virou as costas para ir, voltando sob os próprios passos. Quase não notou o rapaz a quem ajudara, que ao passar por ele, disse baixinho: “se não fosse sua serenidade e presença de espírito, talvez minha irmã estivesse morta...Obrigado.”



Imagem: http://www.earthporm.com

Música: Sabrina Carpenter - Shadows



domingo, 22 de outubro de 2017

Desculpe Não Ter Dito Adeus



Moça, tua estrada é longa
Nem sempre pisarás em flores
Muitos espinhos te farão chorar
Nesses momentos estarás sozinha

Ainda ontem eu podia cheirar teu perfume
Hoje só posso soprar ao teu ouvido
Mesmo sem ser escutado
Me restam ainda as dores da partida inesperada

Das pessoas, espere compreensão, mas nem sempre
Cada um carrega o próprio céu
Teu céu  é o teu coração
É nele que ficarei agora, por isso não me despedi!

Talvez amanhã eu seja conduzido para mais longe de ti
Entretanto, esses laços não se quebram...mesmo nos confins do universo!

O fato é...eu lamento ter feito você chorar
Saiba que estou bem aqui...não chore  por minha ausência
Lembre dos risos que tivemos, das nossas brincadeiras
O tempo todo eu observava teu jeito de ser, aprendi muito contigo

Obrigado, por ter cuidado de mim 
Obrigado, por ter me recolhido de um destino cruel
Obrigado, por todas as vezes que de tuas mãos recebi o alimento
Obrigado, por nunca teres me batido pelas sujeiras que fiz em tua casa

Agora terei um novo lar, mas nunca te esquecerei
Saiba que continuarei a observar-te, em silêncio...como sempre fiz

Desde que me acolheste em teu colo maternal, observei tua vida
Digo-te com a sinceridade que sempre me expressei...está tudo em tuas mãos.

Depende de ti, chorar sem sofrer em demasia
Dolorir o coração,  porém...seguir
Também terei que seguir, hoje graças à luz que me mostraste...em paz!

Até sempre!

Ghost

Em honra a um serzinho de luz em forma de cão que esteve nesse mundo até 13.10.2017





domingo, 17 de setembro de 2017

Crias da Alma


Meu ego é um cãozinho que se distrai
com as pedras do caminho
A minha Alma é o seu mestre,
que anda adiante dele
e a quem ele segue sem saber.
Julgando-se só e independente,
alegre quando o caminho é fácil
gemendo e ganindo ao cair nas armadilhas
em desespero por pensar-se na solidão

Sorridente e cheia de compaixão,
minha Alma detém-se e vem socorrer este cãozinho...
Carrega-o no colo pra que se acalme
sussurra palavras de acalanto pra que se anime
e novamente coloca-o no Caminho
pois ele tem tanto a percorrer para encontrá-la...

Sorrio do cãozinho cheirando a leite e pão
criança da vida, que não sabe que já é ancião
de vidas e vidas além do Tempo
dormindo em sua caminha de trapos
e em sua inocência achando que tudo tem.

Mas é assim que tem de ser, assim será
pois o Caminho é longo e tem de ser trilhado
E assim acordo todos os dias, cãozinho inocente
sem saber que a Alma de um Deus aguarda em mim.

Bíndi



Imagem: Pinterest.com

Música: Havasi - The Road






quinta-feira, 10 de agosto de 2017

No Dia em que Você Perdeu o seu Sorriso





No dia em que você perdeu o seu sorriso
meu mundo escureceu, emudeci em dissabor
flutuaram em minha alma sentimentos imprecisos
sem atinar no que fazer pra amenizar a sua dor
No dia em que você perdeu o seu sorriso
meu anjo da guarda segurou a minha mão
pois mais em mim do que em ti doía o desalento
de perceber que a alegria assim termina de roldão
Bem pobres são os propósitos humanos
débeis planos, frouxas intenções
que se despedaçam ao menor sopro da fatalidade
Pois nem meu amor mais desvelado devolveu ao teu rosto a claridade
nem minha prece fervorosa desanuviou tuas feições
Mas como amar é estar junto, em todas as situações unidos
com amor e humildade ao Senhor peço
que me inspire a ser teu motivo de sorrir
ser assim tua alegria é meu encanto, é o paraíso
é poesia, inspiração pra todo o bem que espero ainda há de vir.

Bíndi


Imagem: pinterest.com




domingo, 23 de abril de 2017

A Flauta de Silêncio


O bem no universo se manifesta em silêncio
O sol, o ar, as plantas, os animais... aquele jacarandá, em toda a sua majestade, jamais deixou de ser silêncio.
Os astros em silêncio habitam o espaço, e a lua vela meu sono sem reivindicar qualquer retorno. 
As flores que plantei e vingaram em meu jardim, alegres floresceram em cores encantadas 
E todos os dias eu as agradeço por terem escolhido florir.
Mas se eu pisar sobre suas pétalas, ainda assim me darão perfume: 
pois a vingança da flor é encher de perfume a quem as machucou
Desejo aprender das flores, do ar, do sol, e de toda a criação de Deus a essência do humildemente servir
O desejo de notoriedade encobre o verdadeiro sentido do ser
Até mesmo o desejo de ser amado, que tão natural nos parece, 
pode nos levar ao poço sem fundo da carência, do des-amor próprio, da vaidade, do ciúme e da possessividade
Por já ser digna por ser quem sou, filha de meu Pai e irmã do universo, não necessito 
da aprovação nem das glórias de quem quer que seja...
E as críticas que chegarem, venham como lembrança de que sou ainda falível
E não como motivo de melindres a um ego insaciável.
Sem adjetivos ou advérbios, substantivos e pronomes
Simplesmente, Sou.
Que eu seja assim, humilde como as ervas que me dão o chá, e faça o bem com tanta naturalidade, 
que não mais o encare como virtude, mas como parte inerente do meu ser
Que todo o bem que eu fizer, se quede em silêncio tendo apenas o Pai por testemunha.

Bíndi

Imagem: nomaruta.club

domingo, 26 de março de 2017

Um Cantinho para Amar


Já te agradeci pelo teu amor hoje?
Já te disse obrigada pelas caminhadas de mãos dadas,
Pelos beijos roubados, pelos segredos sussurrados,
por todas as grandes e pequenas coisas enfrentadas juntos,
Pela saudade na distância, pelo carinho na proximidade,
pelo saciar do apelo do corpo e pela satisfação dos anseios da alma?
Por me aceitar como sou, sem condições ou culpas, 
por tantas vezes silenciar sobre minhas falhas, e mesmo ao me censurares,
 por fazê-lo com tanto carinho que a censura se torna um afago amigo.
Sei que já te agradeci na xícara de café que te alcancei, no sorriso que te lancei pela janela,
no lenço de papel que te secou o suor depois da caminhada, mas tu realmente o viste? 
Quero ter certeza de que tenhas certeza do quanto teu amor me faz bem
Já podes sondar meu coração até em meu silêncio...mas por tudo que és, mereces que minha voz se eleve, 
que meu melhor sorriso se enterneça, e te agradeça...
Já te agradeci pelo teu amor hoje.
Até amanhã, então...quando quero poder te agradecer por mais um dia ao teu lado, meu amor.

Bíndi, para Ghost

Imagem Goodfon.ru